As coisas que o coronavírus me ensinou

Blooming during covid


Um vírus que foi detectado em Dezembro e que três meses depois obriga à declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde. Uma guerra sem soldados e sem armas que já levou tanta gente. Um vírus que obrigou ao fecho de escolas mas que sem livros e num tão curto espaço de tempo já nos ensinou tanto.


Veio para nos mostrar (uma vez mais) que os profissionais do sector da saúde são heróis sem capa. Heróis que merecem muito mais que aplausos, muito mais que prémios ou aumentos salariais. Heróis que merecem condições de trabalho, com ou sem epidemias. Heróis que merecem investimentos direccionados ao sector da saúde, em vez de cortes consecutivos.


A frase típica de cada avó portuguesa "o que importa é ter saúde" nunca fez tanto sentido como agora.


Aprendi que o amor não move o mundo, a economia sim. E os nossos (des)governos, quem é que os elegeu?


Li uma declaração de um governador que dizia "precisamos de retomar a nossa economia. Com o desemprego vêm altas taxas de suicídio...". Não, senhor governador. Já se matavam um milhão de pessoas anualmente em todo o mundo. O que precisamos é de desmitificar o papel do psicólogo e prevenir em vez de remediar.


E então o coronavírus veio para testar duas coisas: o poder do mundo virtual e a resiliência humana.


As pessoas mostraram-nos que podem ser muito egoístas. Esvaziaram prateleiras de supermercado como se fosse o fim do mundo.


Mas também nos mostraram o quanto criativo o ser humano consegue ser.


Adaptação tem sido a palavra-chave.


Perder o emprego involuntariamente arrasa qualquer um. Então vamos encarar isto como uma lição. Lutemos por melhores direitos sociais.


Estar em casa não tem de ser um martírio. Aproveitemos para fazer as coisas que não tínhamos tempo para fazer antes.


O futuro é incerto. Mas a batalha é a mesma para todos.


Pelo menos agora as pessoas sabem como lavar as mãos de forma correcta. Aleluia!


Quanto a mim. Vivo no país do salve-se quem puder. E por isso fico em casa. Trabalho a partir de casa porque me foi permitido, mas estava disposta a perder o meu trabalho se isso significasse proteger a minha saúde.


Tenho saudades de sair à rua e fotografar. Tenho saudades dos meus amigos. Tenho saudades de abraços profundos e com sentido.


Cancelei três viagens e na corda-bamba estão outras quantas.


Mas nunca me aborreci em casa por um segundo que fosse.


Não acredito em tal coisa como "vai tudo ficar bem". Não, não vai ficar tudo bem. Têm morrido dezenas de milhares de pessoas.


Mas eu tenho esperança. E a minha esperança é que aprendamos algo com isto e que sejamos melhores seres humanos no futuro.


Pinguins passeiam-se em ruas da África do Sul. Golfinhos foram avistados nos canais de Veneza. Pelicanos e gaivotas encheram as praias de Lima. E nós, humanos, presos nas nossas próprias casas.


A natureza recupera os seus direitos e responsabiliza-nos mais do que nunca.




Estar em casa de quarentena é difícil, eu compreendo. Mas imagino que estar sozinho num hospital ou perder alguém seja ainda mais difícil. Então, por favor, fica em casa. E se não puderes ficar em casa, usa máscaras, distancia-te dos outros. Nada neste mundo justifica a perda de mais vidas humanas. O futuro é incerto mas eu posso-te garantir que uma grande parte dele depende de nós. Depende de mim. Depende de ti.

2 comentários

  1. As tuas palavras vão preenchendo parte dos meus serões, enquanto assisto a alguns programas de música 😊. Desde o início que me irrita o famoso arco íris é a frase feita "vai ficar tudo bem", não, não vai ficar tudo bem. É uma guerra contra um inimigo invisível e potente. Nós os pequenos humanos, nunca aprendemos com intempéries nem tão pouco somos Unidos.... Por isso.... Blá blá Blá não, não vai ficar tudo bem. Mas tu minha querida, utilizas o tempo com sabedoria e sem atropelos. Beijinhos e... Mantém - te segura

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  2. Obrigado pelas palavras que me fazem refletir sobre a vida e a forma egoísta como a vivemos. Espero que no regresso a "normalidade" o mundo e os nossos governos não sobre ponham a economia a sobrevivência da humanidade Grande abraço de leiria Paulo Sousa

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